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Desalinhamento em Correias Transportadoras: Principais Causas

Data da Postagem: 08/04/2020 – 15:00:00 hs

Tempo de Leitura: 6 minutos 

Autor: Marcelo Leone

Olá, pessoal! Recebemos alguns comentários com dúvidas sobre um dos principais problemas verificados em transportadores de correias: o seu desalinhamento.

Com isso, resolvemos publicar este artigo, que resume os principais pontos sobre esse problema, que é um dos grandes vilões da manutenção em correias transportadoras.

O Que É o Desalinhamento Nas Correias Transportadoras?

O termo “desalinhamento” é muito fácil de ser entendido, não é mesmo? Por definição, desalinhar significa deixar ou ficar fora da ordem ou do arranjo; desviar ou sair do alinhamento. Em outras palavras, toda vez que algo desalinha, existe um desvio em relação a um curso que já estava programado.

Sabendo disso, agora precisamos ter em mente que a correia transportadora, por si só, não funciona: para que ela cumpra a sua função de transportar materiais granéis sólidos de um ponto “A” para um ponto “B”, precisamos de uma estrutura que acomode a correia em um plano horizontal ou inclinado e realize um trabalho sobre ela, a fim de gerar movimento através da tração. Chamamos essa estrutura de transportador.

Sendo assim, temos a correia transportadora acomodada no transportador que, por sua vez, comporta tambores e roletes que auxiliarão no seu tracionamento e movimentação. Como resultado, temos uma correia seguindo um curso programado (ou seja, uma correia alinhada).

Na teoria, a correia alinhada sempre irá se acomodar no centro absoluto do transportador, pois o tambor de tração quando acionado irá imprimir uma tensão das bordas para o centro, garantindo assim um perfeito alinhamento.

E a teoria sempre se confirma na prática, correto?

É claro que não! A vida do homem de manutenção não é tão fácil meus amigos!!

E é por este motivo que chegamos ao nosso vilão: ao longo do tempo de vida útil e pelas mais diversas causas, a correia sofre desvios em relação ao seu curso programado dentro da estrutura do transportador, gerando assim o desalinhamento.

O desalinhamento provoca prejuízos financeiros e operacionais: neste caso, é evidente a perda de material pelas bordas devido a este problema.

Por Que Ocorre o Desalinhamento?

As causas do desalinhamento são diversas. Vamos pontuar abaixo algumas causas mais comuns:

Chute de Alimentação Descentralizado

Para garantir o alinhamento, é necessário que o chute de alimentação deposite o material transportador no centro da correia. Quando este material se acomoda fora do centro da correia, temos como resultado um deslocamento lateral dela, devido à ação desse peso estar desequilibrado.

Roletes Travados

Havendo essa condição, teremos o desequilíbrio das tensões atuantes pelo atrito. Consequentemente, ocorre o desalinhamento.

Tambores com Revestimento Desgastado / Roletes Impregnados

Em ambas as situações haverá variação na velocidade angular das extremidades opostas dos cilindros, visto que teremos diferenças nos diâmetros das peças. Tal variação ocasiona desequilíbrio na velocidade escalar das extremidades da correia e gera o desalinhamento.

V¹ = W¹. (d¹/2), onde:

  • V¹ é a velocidade escalar na extremidade 1 da correia
  • W¹ é a velocidade angular da extremidade 1 do tambor / rolo
  • d¹ é o diâmetro da exterminado 1 do tambor / rolo

Emendas

Caso a emenda tenha algum desvio em seu esquadrejamento, haverá o desalinhamento pontual nessa região. Entretanto, quando a correia tem várias inserções esse problema se agrava.

Estrutura do Transportador

O transportador é montado através de módulos e, normalmente, a cada 6 metros temos 1 módulo do transportador. Estes módulos estruturais podem sofrer deformações e deslocamentos em suas secções. Para se garantir o alinhamento da correia, estes módulos devem ser montados de modo que resultem em um transportador com as secções simetricamente paralelas, igualmente alinhado e nivelado, tanto em sua estrutura quanto os demais componentes que comporta.

Desviadores de Curso

Denominamos como sendo esticadores de gravidade (contrapeso), sistemas de acionamento intermediários e trippers. É muito comum se encontrar dificuldade para se manter a correia alinhada em sistemas com essa configuração. Devido a sua complexidade, desalinhamentos dessa natureza devem ser estudados de maneira minuciosa.

Material acumulado fora da correia, devido ao desalinhamento: além de ser perdido, o material compromete o funcionamento dos roletes

Como Agir ao Identificar o Desalinhamento?

As situações acima demonstram parte de uma realidade cotidiana para quem trabalha com correias transportadoras. A identificação do desalinhamento pode ser feita através de uma equipe de campo bem treinada e com experiência. Assim que identificado, a equipe deve elaborar um plano de ação para realizar a parada do equipamento e realinhá-la. Se necessário, deve-se convocar os responsáveis pelo projeto para acompanhar o processo.

No entanto, para se detectar causas pouco sintomáticas ou determinar soluções definitivas para os problemas, muitas vezes se faz necessária a mobilização de especialistas em correias e a utilização equipamentos específicos, uma vez que existem muitas outras causas de desalinhamento além destas que exploramos no artigo, e que são diagnosticadas através de anos de experiência prática.

Um fato curioso é que, muitas vezes, existe uma correia “velha” que consegue manter um alinhamento satisfatório, porém ao trocá-la instalando uma correia “nova” no mesmo equipamento, ocorre o desalinhamento. Isso acontece porque a correia “velha” já estava acomodada e as lonas distendidas, enquanto a correia “nova” ainda está com uma certa rigidez (isso não significa que a correia que foi trocada estava em boas condições de alinhamento, os problemas existiam, mas estavam “camuflados”). 

Qual é a Gravidade do Desalinhamento?

O desalinhamento da correia no sistema transportador afeta toda a sua estrutura, desde a conservação das bordas e revestimentos até a integridade das lonas que garantem o correto tensionamento. Como resultado, temos como prejuízo:

  • Redução da vida útil da correia (podendo chegar a níveis extremos de desgaste prematuro);
  • Paradas não-programadas e constantes;
  • Vazamento de produto pelas bordas da correia e consequente perda de produção;
  • Ataque ao meio ambiente.

Componentes Acessórios do Transportador e Relacionados ao Desalinhamento

Conforme pontuado acima, o desalinhamento ocasiona diversos prejuízos financeiros e operacionais para a aplicação. Para evitar situações extremas de perda, vale a pena mencionar dois componentes do transportador:

Cavalete Articulado Auto – Alinhante (Carga e Retorno)

Este componente se posiciona ao longo do transportador, tanto no sentido de ida (carga) quanto no sentido de retorno da correia. Sua função básica consiste em auxiliar no direcionamento da correia, ou seja, quando há um desvio de curso que passa pela sua posição, o cavalete rebate a correia para o centro do transportador, evitando assim um desalinhamento excessivo.

Cavalete Auto Alinhante de Correias Transportadoras

Cavalete Articulado Auto-Alinhante

Chave de Desalinhamento

A chave de desalinhamento funciona da seguinte forma: ao identificar um desvio de curso, a chave corta a energia do sistema e desativa o motor de acionamento do transportador. Com isso, ela atua como um inibidor somente, evitando um possível cenário de desalinhamento extremo.

É importante ressaltar que ambos os componentes citados acima tem sua importância dentro do sistema, mas sua atuação se restringe apenas ao caráter paliativo da solução. Portanto, quando se trata de desalinhamento de correias transportadoras, sempre devemos concentrar esforços para criar soluções que ataquem as causas-raíz do problema.

Conclusão

O desalinhamento em correias transportadoras é um problema comumente encontrado nas mais diversas aplicações e traz prejuízos operacionais e financeiros. Nos casos mais comuns, seu diagnóstico pode ser facilmente realizado em campo, porém a determinação de uma solução efetiva demanda experiência prática e os equipamentos corretos, podendo variar muito caso-a-caso.

Portanto, sempre que é identificado um problema de desalinhamento, sugere-se buscar a orientação de um especialista qualificado, que com base no seu conhecimento e experiência prática darão o melhor direcionamento para solucionar o problema.

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