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Você Sabe Escolher a Cobertura Ideal Para a Sua Correia Transportadora?

Data da Postagem: 02/03/2020 – 13:00 hs

Tempo de Leitura: 6,5 minutos 

Autor: Marcelo Leone

Conforme citado no artigo Guia Prático de Correias Transportadoras: Tudo o que Você Precisa Saber para se identificar corretamente uma correia transportadora precisamos das seguintes informações:

  • Tipo de cobertura e suas espessuras (superior e inferior);
  • Carcaça (tipo e quantidade de lonas);
  • Largura;
  • Comprimento;
  • Informações complementares (quando aplicável);

Hoje, vamos abordar especificamente o tema COBERTURA.

Para definirmos que tipo de borracha e quais as espessuras devem ser aplicadas, levamos em consideração os seguintes aspectos:

1) Características do material transportado

1.1) Tipo de material

Saber qual tipo de material será transportado é essencial, uma vez que ele sempre estará em contato direto com a cobertura superior. Portanto, suas características físicas e químicas podem interferir no desgaste natural da correia.

Além disso, dentre todas as propriedades que os materiais possuem, podemos destacar a abrasividade. Tal característica está relacionada à capacidade que um determinado material possui de desgastar ou cortar a correia. Sendo assim, materiais com alta abrasividade exigem coberturas com resistência à cortes e elevados níveis de desgaste.

Alguns exemplos de tipos de materiais são: brita, calcário, fertilizantes, soja, minério de ferro.

Saída do Britador Primário – Material transportado em pedreiras.

Materiais com propriedades oleaginosas (Presença de óleo ou substância com derivado graxo) podem reagir com a borracha da correia, exigindo uma cobertura especifica para esse tipo de aplicação.

1.2) Granulometria

As dimensões do material definem o que chamamos em campo de “granulometria”. Em outras palavras, trata-se do ”tamanho” do material. Esta característica, somada à sua altura de queda, determinam qual será o impacto causado pela queda de material sob a superfície da correia.

Em outras palavras, depositar na correia grãos de soja gera uma carga de impacto muito menor do que deixar cair toras de madeira, não é mesmo? Portanto, é muito importante levar em consideração esta propriedade do material na hora de definir a espessura da cobertura.

Mesa de Tora – Aplicação Severa

1.3) Temperatura do produto transportado

Em certas aplicações, o material que é depositado está à uma temperatura maior do que a temperatura ambiente. Dessa forma, o material acelera o processo de vulcanização , ressecando a cobertura da correia. Nestes casos, precisamos de coberturas resistentes à temperatura, que retardam esse processo.

2) Condições estruturais e do ambiente

2.1) Ciclo de alimentação

O ciclo de alimentação é, basicamente, o tempo que determinado ponto da correia leva para dar uma volta completa ao longo de sua extensão. Logo, quanto maior a extensão do transportador, mais tempo este “ponto” levará para receber uma nova carga de material.

Agora, pense comigo: se o ciclo de alimentação da correia é maior, isso significa que determinado ponto da correia receberá material em intervalos de tempo maiores do que uma correia com um ciclo menor, correto? Como consequência, correias com ciclo de alimentação menor sofrem desgaste maior, uma vez que estão sujeitas a receber carga de material em intervalos menores de tempo, ou seja, realizando mais trabalho.

Sendo assim, de maneira resumida, correias com ciclo de alimentação menor necessitam de cobertura mais resistentes do que aplicações com longos ciclos de alimentação.

Correias com ciclo de alimentação menor necessitam de coberturas com mais resistência à abrasividade.

Correias com ciclo de alimentação maior chegam a ter centenas de metros de extensão.

2.2) Tipo de alimentação

Antes de ser despejado na correia, o material passa por um alimentador que serve para regular a dosagem do material que cai na superfície do transportador. Em outras palavras, o tipo de alimentação determinará o esforço mecânico da correia.

Como exemplo, temos a alimentação direta por gravidade, onde o material passa pelo alimentador e cai sem nenhuma ação de amortecimento, sendo considerada uma aplicação mais severa (podemos encontrar este tipo de alimentação nas mesas para transporte de tora). Por outro lado, temos também a calha alimentadora vibratória. Neste caso, existe uma alimentação contínua que permite a formação de um “colchão” de finos (material mais fino) que, por sua vez, amortece o impacto dos materiais com maior massa que caem em seguida.

2.3) Altura de queda do material

Quanto maior a altura, maior a carga de impacto que o material exercerá sobre a correia. Portanto, para grandes alturas, precisamos de coberturas com maior resistência ao impacto.

2.4) Temperatura do ambiente ou alguma particularidade

Ambientes confinados ou com altas temperaturas podem alterar as propriedades físicas da borracha. Portanto, para situações em que a temperatura é alta, por exemplo, sugere-se estudar uma cobertura com características que suportem as intempéries do ambiente em questão.

2.5) Nível de Impregnação de Acessórios e/ou Componentes

Ao longo de seu curso a correia passa por entre seus componentes e acessórios. Muitas vezes, tais componentes estão impregnados com o material transportado e aumentam o atrito entre a correia e os componentes. Logo, quanto mais impregnado, maior será o atrito entre a correia e o material, gerando um desgaste maior. Nesses casos, precisamos de coberturas que resistam mais ao atrito.

Como exemplos de componentes, podemos citar roletes, tambores, guias, etc.

Por fim, tomando por base essas informações, conseguimos determinar o tipo de borracha a ser aplicado nas coberturas superior e inferior, bem como suas respectivas espessuras.

Por exemplo, na saída de um britador primário que recebe um minério com granulometria de 300 mm, teremos que utilizar uma cobertura superior espessa, que resista à abrasão e iniba a incidência de cortes. Entretanto, em uma instalação portuária que opere grãos, será necessária uma cobertura que tenha características de resistência ao ataque de óleo vegetal e chama auto extinguível (usualmente e erroneamente chamada de anti-chama), porém não será necessária uma espessura elevada.

3) Padrões de Medidas de Espessura

As medidas de espessura mais adotadas pelos fabricantes, em polegadas, são:

  • 1/8” x 1/16”
  • 3/16” x 1/16”
  • 1/4” x 1/16”
  • 1/4” x 1/8”
  • 3/8” x 1/8”

Via de regra, a nomenclatura traz o primeiro valor como a espessura da cobertura superior (1/8”, por exemplo), enquanto o segundo valor se refere a cobertura inferior. Na grande maioria dos casos, temos a cobertura superior bem maior do que a cobertura inferior.

Entretanto, estes padrões não são uma regra, pois temos correias de grande porte aplicadas em minerações “pesadas” que chegam a utilizar coberturas de 1” x 3/8”, ou seja, tanto a cobertura superior quanto a inferior sendo espessas; mas aí já é outra história…

4) Fatores Decisivos para Escolha da Cobertura

Existem diversos tipos de coberturas no mercado que atendem aos mais variados tipos de aplicações, e cada fabricante determinará a sua nomenclatura própria. Sendo assim, você precisa saber quais são os fatores decisivos para definição do tipo de cobertura, que são os seguintes:

  • Abrasividade do material, ou seja, sua capacidade de desgastar a correia e gerar cortes;
  • Temperatura do material transportado;
  • Presença de óleo (vegetal, animal ou mineral) e seus derivados.

Por fim, vale ressaltar: não existe uma correia “perfeita” que possa ser submetida a qualquer tipo de aplicação. Em outras palavras, se uma cobertura é benéfica para determinado tipo de aplicação, muito provavelmente sua utilização não será recomendável para outros casos.

Podemos comparar, analogamente, às estratégias que as equipes de fórmula 1 utilizam para a escolha dos pneus da corrida. Assim, se o piloto quer ganhar velocidade, utilizará pneus extra macios que lhe darão velocidade, mas durarão pouco. Do contrário, utilizará pneus mais “duros” que ofereçam mais resistência (durará mais voltas), mas que reduzirão sua velocidade.

Dessa forma, podemos ter uma correia resistente ao óleo com baixa resistência à abrasividade, assim como uma correia resistente à temperatura, mas que não resista à abrasividade e nem possa transportar materiais oleaginosos.

Valeu pessoal, esperamos que as informações possam lhe ajudar no seu próximo orçamento ou projeto!

Em breve, falaremos sobre os tipos de carcaça, OK?

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